Sem respostas
Buscas pelo pesqueiro Dom Manoel XVI são suspensas pela Marinha
Instituição diz que levou em conta critérios internacionais; comunidade pesqueira afirma que seguirá procurando respostas
Divulgação -
A Marinha do Brasil suspendeu na terça-feira (22) as buscas pela embarcação pesqueira Dom Manoel XVI, que desapareceu a cerca de 15 quilômetros da costa de Rio Grande na madrugada do dia 11 de agosto. A comunidade de pescadores recebeu a notícia com surpresa e disse que não irá desistir das buscas pelos cinco tripulantes que ainda não foram encontrados.
Sete tripulantes estavam a bordo no momento do desaparecimento, mas até agora apenas dois corpos foram localizados. O mestre da embarcação, Alcioni Manoel dos Santos, foi um deles. No dia 14, moradores na costa de São José do Norte avistaram o pescador. Já outro tripulante, Rubinei Cunha de Souza, foi encontrado próximo ao Farol de Sarita, entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar.
A Marinha informou por meio de nota que a suspensão levou em conta critórios internacionais, como a baixa probabilidade de localização, em função do tempo decorrido, além da temperatura da água e do estado do mar. Durante os 12 dias de buscas, o navio-patrulha Benevente e aeronaves da Marinha e da Força Aérea Brasileira (FAB) atuaram nas buscas. Além disso, pescadores e tripulantes de outras embarcações que navegavam na costa também auxiliaram na procura.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Pescadores de Rio Grande, Carlos Medeiros, o sindicato não foi avisado da suspensão das buscas. Ele afirma que foi "informado por terceiros", e após procurar a Marinha ouviu a confirmação de que, de fato, as buscas não mais aconteceriam. “É preocupante, a gente fica sem saber o que aconteceu. Vamos agora torcer pra algum outro pescador achar. Temos a certeza de que a embarcação e os outros corpos estão juntos em algum lugar no fundo do mar”.
Irmão do mestre da embarcação que teve o corpo encontrado, Jaci Manoel dos Santos afirma que um comandante da Marinha entrou em contato com ele para informar sobre a desistência devido à falta de opções nas buscas, já que todos os planos haviam se esgotado. Quanto às famílias das vítimas, Jaci comenta que a empresa para a qual eles trabalhavam está auxiliando. Os pescadores encontrados já tiveram os contratos rescindidos e os familiares receberam os valores.
Os familiares do restante dos tripulantes continuam recebendo os salários e alguns adiantamentos. Quanto às buscas, Jaci afirma que a categoria continuará atrás de respostas “Ontem mesmo (terça) fomos com mergulhadores a um ponto onde havia um casco submerso, mas era de alguma embarcação mais antiga, estava lá há mais tempo. A gente segue tentando”.
Já Nilton Machado, presidente da Colônia dos Pescadores Z-1, de Rio Grande, lamenta o fim das buscas. “É uma grande pena, eles são conhecidos nossos e vemos isso com muito pesar. Esperávamos encontrar respostas. Fica só a frustração”. Contudo, Nilton garante que a comunidade dos pescadores ainda não desistiu de tentar achar alguma resposta e, por parte deles, os trabalhos seguem. “Pescador nunca desiste. Ainda temos a esperança de achar algo”.
Segundo nota emitida pela Marinha, um inquérito administrativo foi instaurado para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades do incidente.
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